Plano de leitura da Bíblia em 100 dias – 75
Texto(s) da Bíblia
- João 9
Enquanto Jesus caminhava, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: — Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego? Ele ou os pais dele? Jesus respondeu: — Nem ele pecou, nem os pais dele; mas isso aconteceu para que nele se manifestem as obras de Deus. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Depois de dizer isso, Jesus cuspiu na terra, fez lama com a saliva e com a lama untou os olhos do cego. Então disse ao cego: — Vá lavar-se no tanque de Siloé. Siloé quer dizer “Enviado”. O cego foi, lavou-se e voltou vendo. Então os vizinhos e os que antes o conheciam de vista, como mendigo, perguntavam: — Não é este o que ficava sentado pedindo esmolas? Uns diziam: — É ele. Outros: — Não, mas se parece com ele. O homem dizia: — Sou eu. Então lhe perguntaram: — Como foram abertos os seus olhos? Ele respondeu: — O homem chamado Jesus fez lama, passou nos meus olhos e disse: “Vá ao tanque de Siloé e lave-se.” Então fui, lavei-me e estou vendo. Eles perguntaram: — Onde está ele? Respondeu: — Não sei. Levaram aos fariseus aquele que antes era cego. E era sábado o dia em que Jesus fez a lama e lhe abriu os olhos. Então os fariseus lhe perguntaram outra vez como podia ver. Ele respondeu: — Ele pôs lama sobre os meus olhos, lavei-me e estou vendo. Por isso, alguns dos fariseus diziam: — Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado. Mas outros diziam: — Como pode um homem pecador fazer sinais como estes? E houve divisão entre eles. De novo perguntaram ao cego: — O que você diz a respeito dele, uma vez que lhe abriu os olhos? Ele respondeu: — É um profeta. Os judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que agora podia ver, enquanto não chamaram os pais dele e lhes perguntaram: — É este o filho de vocês, que vocês dizem que nasceu cego? Como é que agora ele está vendo? Então os pais responderam: — Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego, mas não sabemos como agora está vendo. E também não sabemos quem lhe abriu os olhos. Perguntem a ele, pois já tem idade e poderá falar por si mesmo. Os pais dele disseram isso porque estavam com medo dos judeus, pois estes já tinham combinado que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. Foi por isso que os pais dele disseram: “Ele já tem idade e poderá falar por si mesmo.” Então chamaram, pela segunda vez, o homem que tinha sido cego e lhe disseram: — Diga a verdade diante de Deus; nós sabemos que esse homem é pecador. Ele respondeu: — Se é pecador, não sei. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo. Perguntaram-lhe outra vez: — O que ele fez a você? Como lhe abriu os olhos? Ele respondeu: — Já lhes disse, mas vocês não ouviram. Por que querem ouvir outra vez? Por acaso vocês também querem se tornar discípulos dele? Então o insultaram e lhe disseram: — Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés, mas este nem sabemos de onde é. O homem respondeu: — É estranho que vocês não saibam de onde ele é, mas ele me abriu os olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores. Pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende. Desde que o mundo existe, jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se este homem não fosse de Deus, não poderia ter feito nada. Mas eles disseram: — Você nasceu cheio de pecado e quer nos ensinar? E o expulsaram. Jesus ouviu que eles tinham expulsado o homem. Ao encontrá-lo, perguntou: — Você crê no Filho do Homem? Ele respondeu: — Quem é, Senhor, para que eu creia nele? E Jesus lhe disse: — Você já o tem visto, e é aquele que está falando com você. Então ele afirmou: — Eu creio, Senhor! E o adorou. Jesus continuou: — Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos. Alguns dos fariseus que estavam perto dele perguntaram-lhe: — Por acaso também nós somos cegos? Jesus respondeu: — Se vocês fossem cegos, não teriam pecado algum. Mas, porque agora dizem: “Nós vemos”, o pecado de vocês permanece.
- João 10
— Em verdade, em verdade lhes digo: quem não entra no curral das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, esse é ladrão e salteador. Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas. Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama as suas próprias ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Depois de levar para fora todas as que lhe pertencem, vai na frente delas, e elas o seguem, porque reconhecem a voz dele. Mas de modo nenhum seguirão o estranho; pelo contrário, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos. Jesus fez esta comparação, mas eles não compreenderam o sentido daquilo que ele falava. Então Jesus disse mais uma vez: — Em verdade, em verdade lhes digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes deram ouvidos. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, sairá e achará pastagem. O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. — Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o lobo chegando, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco. Preciso trazer também estas. Elas ouvirão a minha voz e, então, haverá um só rebanho e um só pastor. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez. Ninguém tira a minha vida; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para entregá-la e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai. Por causa dessas palavras, houve nova divisão entre os judeus. Muitos deles diziam: — Ele tem demônio e enlouqueceu. Por que vocês ouvem o que ele diz? Outros diziam: — Este modo de falar não é de endemoniado. Será que um demônio pode abrir os olhos aos cegos? Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era inverno. Jesus passeava no templo, no Pórtico de Salomão. Então os judeus o rodearam e disseram: — Até quando você nos deixará nesse suspense? Se você é o Cristo, diga francamente. Jesus respondeu: — Já falei, mas vocês não acreditam. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim. Mas vocês não creem, porque não são das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar. Eu e o Pai somos um. Os judeus mais uma vez pegaram pedras com a intenção de apedrejá-lo. Mas Jesus lhes disse: — Tenho mostrado a vocês muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas querem me apedrejar? Os judeus responderam: — Não é por obra boa que queremos apedrejá-lo, e sim por causa da blasfêmia. Pois, sendo você apenas um homem, está se fazendo de Deus. Jesus disse: — Não está escrito na Lei de vocês: “Eu disse: vocês são deuses”? Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus — e a Escritura não pode falhar —, então como vocês dizem que aquele que o Pai santificou e enviou ao mundo está blasfemando, só porque declarei que sou Filho de Deus? Se não faço as obras do meu Pai, não acreditem em mim. Mas, se faço, e vocês não creem em mim, creiam pelo menos nas obras, para que vocês possam saber e compreender que o Pai está em mim e que eu estou no Pai. Então tentaram outra vez prendê-lo, mas ele se livrou das mãos deles. Novamente Jesus se retirou para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no início; e ali permaneceu. E muitos iam até ele e diziam: — João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem era verdade. E naquele lugar muitos creram nele.
- 2Crônicas 9
Quando a rainha de Sabá ouviu falar da fama de Salomão, veio a Jerusalém prová-lo com perguntas difíceis. Chegou com uma enorme comitiva, com camelos carregados de especiarias, de ouro em abundância e pedras preciosas. Ela se apresentou diante de Salomão e lhe expôs tudo o que trazia em sua mente. Salomão respondeu todas as perguntas que ela fez, e não houve nada profundo demais que Salomão não pudesse explicar. Quando a rainha de Sabá viu a sabedoria de Salomão, o palácio que ele havia construído, a comida que era servida na mesa dele, o lugar dos seus oficiais, o serviço dos seus criados e os trajes deles, seus copeiros e os trajes deles, e o holocausto que oferecia na Casa do Senhor, ficou como fora de si e disse ao rei: — É verdade o que ouvi na minha terra a respeito de você e a respeito da sua sabedoria. Eu, porém, não acreditava no que se falava, até que vim e vi com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram nem a metade da grandeza da sua sabedoria; você supera a fama que ouvi. Felizes os homens à sua volta e felizes estes seus servos que estão sempre diante de você e que ouvem a sua sabedoria! Bendito seja o Senhor, seu Deus, que se agradou de você e o colocou no seu trono como rei para o Senhor, seu Deus. É porque o seu Deus ama Israel e quer estabelecê-lo para sempre que ele o constituiu rei sobre este povo, para que você execute o juízo e a justiça. Ela entregou ao rei quatro toneladas de ouro, grande abundância de especiarias e pedras preciosas. Nunca mais houve especiarias como as que a rainha de Sabá ofereceu ao rei Salomão. Também os servos de Hirão e os servos de Salomão, que tinham trazido ouro de Ofir, trouxeram madeira de sândalo e pedras preciosas. Desta madeira de sândalo o rei mandou fazer corrimões para a Casa do Senhor e para o palácio real, bem como harpas e liras para os cantores. Nunca antes se tinha visto madeira como esta na terra de Judá. O rei Salomão deu à rainha de Sabá tudo o que ela quis e pediu, além do equivalente ao que ela lhe havia trazido. Então ela voltou e foi para a sua terra, ela e os seus servos. O peso do ouro que se trazia a Salomão a cada ano era de cerca de vinte e três toneladas, além do que entrava dos vendedores e dos negociantes. Também todos os reis da Arábia e os governadores dessa mesma terra traziam a Salomão ouro e prata. O rei Salomão fez duzentos grandes escudos de ouro batido, empregando sete quilos e duzentos gramas de ouro batido em cada escudo. Fez também trezentos escudos menores de ouro batido, empregando três quilos e seiscentos gramas de ouro em cada escudo. E o rei os pôs na Casa do Bosque do Líbano. O rei fez também um grande trono de marfim e o cobriu de ouro puro. O trono tinha seis degraus e um estrado de ouro ligado a ele. De ambos os lados do assento havia um braço, e a figura de um leão junto a cada um dos braços. Doze leões estavam ali sobre os seis degraus, um em cada extremo destes. Nunca se havia feito obra semelhante em nenhum outro reino. Todas as taças que o rei Salomão usava para beber eram de ouro, e também de ouro puro eram todos os objetos da Casa do Bosque do Líbano. Nos dias de Salomão não se dava nenhum valor à prata. Porque o rei tinha navios que iam a Társis, com os servos de Hirão. De três em três anos, os navios voltavam de Társis, trazendo ouro, prata, marfim, bugios e pavões. Assim, o rei Salomão excedeu a todos os reis do mundo, tanto em riqueza como em sabedoria. Todos os reis do mundo queriam ver Salomão para ouvir a sabedoria que Deus tinha posto no coração dele. Cada um trazia o seu presente: objetos de prata e de ouro, roupas, armaduras, especiarias, cavalos e mulas. E foi assim ano após ano. Salomão tinha quatro mil cavalos em estrebarias, para os seus carros de guerra, e doze mil cavaleiros, que colocou nas cidades onde mantinha os carros, deixando uma parte junto ao rei, em Jerusalém. Salomão dominava sobre todos os reis desde o Eufrates até a terra dos filisteus e até a fronteira do Egito. O rei fez com que, em Jerusalém, a prata fosse tão comum como as pedras e os cedros fossem tão numerosos como os sicômoros que estão na Sefelá. Importavam-se cavalos para Salomão, do Egito e de todas as terras. Quanto aos demais atos de Salomão, tanto os primeiros como os últimos, não está tudo escrito no Livro da História de Natã, o profeta, e na Profecia de Aías, o silonita, e nas Visões de Ido, o vidente, a respeito de Jeroboão, filho de Nebate? Salomão reinou sobre todo o Israel, em Jerusalém, durante quarenta anos. Salomão morreu e foi sepultado na Cidade de Davi, seu pai, e Roboão, seu filho, reinou em seu lugar.
- 2Crônicas 17
Em lugar de Asa, reinou o seu filho Josafá, que se fortificou contra Israel. Ele pôs tropas em todas as cidades fortificadas de Judá e estabeleceu guarnições na terra de Judá e nas cidades de Efraim, que Asa, seu pai, havia conquistado. O Senhor esteve com Josafá, porque ele andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou os baalins. Pelo contrário, buscou o Deus de seu pai e andou nos seus mandamentos, e não segundo as obras de Israel. O Senhor confirmou o reino nas suas mãos, e todo o Judá deu presentes a Josafá, de modo que ele teve riquezas e glória em abundância. O coração dele se tornou ousado em seguir os caminhos do Senhor, e ainda tirou os lugares altos e os postes da deusa Aserá que havia em Judá. No terceiro ano do seu reinado, Josafá enviou os seus oficiais Ben-Hail, Obadias, Zacarias, Natanael e Micaías, para ensinarem nas cidades de Judá. Com eles enviou os levitas Semaías, Netanias, Zebadias, Asael, Semiramote, Jônatas, Adonias, Tobias e Tobe-Adonias. E, com estes levitas, enviou os sacerdotes Elisama e Jeorão. Eles ensinaram em Judá, tendo consigo o Livro da Lei do Senhor; percorriam todas as cidades de Judá e ensinavam o povo. O terror do Senhor veio sobre todos os reinos das terras que estavam ao redor de Judá, de maneira que não fizeram guerra contra Josafá. Alguns dos filisteus trouxeram presentes a Josafá e prata como tributo. Também os árabes lhe trouxeram sete mil e setecentos carneiros e sete mil e setecentos bodes. Josafá se tornou cada vez mais poderoso, e construiu fortalezas e cidades-armazéns em Judá. Empreendeu muitas obras nas cidades de Judá e tinha, em Jerusalém, gente de guerra e homens valentes. Este é o número deles segundo as suas famílias: em Judá, eram capitães de mil: o chefe Adna e, com ele, trezentos mil homens valentes; depois dele, o capitão Joanã e, com ele, duzentos e oitenta mil homens; e, depois, Amasias, filho de Zicri, que voluntariamente se ofereceu ao serviço do Senhor, e, às suas ordens, duzentos mil homens valentes. De Benjamim, Eliada, homem valente, e, com ele, duzentos mil homens, armados de arco e de escudo; depois dele, Jozabade, com cento e oitenta mil homens armados para a guerra. Estes estavam a serviço do rei, além dos que o rei tinha posto nas cidades fortificadas por todo o Judá.
- Salmos 74
Ó Deus, por que nos rejeitas para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto? Lembra-te da tua congregação, que adquiriste desde a antiguidade, que remiste para ser a tribo da tua herança. Lembra-te do monte Sião, no qual tens habitado. Dirige os teus passos para as ruínas perpétuas, para tudo de mau que o inimigo fez no santuário. Os teus adversários bramam no lugar das assembleias e erguem as suas próprias insígnias como sinais. Parecem-se com os que empunham os seus machados no espesso da floresta; e agora, com os seus machados e martelos, destroem todos os entalhes de madeira. Incendeiam o teu santuário; profanam a morada do teu nome, arrasando-a até o chão. Disseram no seu coração: “Acabemos com eles de uma vez.” Queimaram todos os lugares santos de Deus na terra. Já não vemos os nossos sinais; já não há profeta; nem há, entre nós, quem saiba até quando isso vai durar. Até quando, ó Deus, o adversário nos afrontará? Será que o inimigo blasfemará o teu nome para sempre? Por que retiras a tua mão, sim, a tua mão direita, e a conservas no teu seio? Mas Deus é meu Rei desde a antiguidade; ele é quem opera feitos salvadores no meio da terra. Tu, com o teu poder, dividiste o mar; esmagaste sobre as águas a cabeça dos monstros marinhos. Despedaçaste as cabeças do Leviatã e o deste por alimento às criaturas do deserto. Tu abriste fontes e ribeiros; secaste rios caudalosos. Teu é o dia; tua também é a noite; a luz e o sol, tu os formaste. Fixaste os confins da terra; verão e inverno, tu os fizeste. Lembra-te disto: o inimigo tem insultado o Senhor, e um povo insensato tem blasfemado o teu nome. Não entregues à rapina a vida de tua pomba, nem te esqueças para sempre da vida dos teus aflitos. Lembra-te da tua aliança, pois os lugares tenebrosos da terra estão cheios de moradas de violência. Não fique envergonhado o oprimido; que o aflito e o necessitado louvem o teu nome. Levanta-te, ó Deus, e defende a tua causa; lembra-te de como o ímpio te afronta todos os dias. Não te esqueças da gritaria dos teus inimigos, do sempre crescente tumulto dos teus adversários.
- Salmos 78
Meu povo, escute a minha lei; dê ouvidos às palavras da minha boca. Abrirei os meus lábios para proferir parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. O que ouvimos e aprendemos, o que os nossos pais nos contaram, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à geração vindoura os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou aos nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, e os filhos que ainda hão de nascer se levantassem e, por sua vez, os contassem aos seus descendentes; para que pusessem a sua confiança em Deus e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos; e que não fossem, como seus pais, geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo espírito não foi fiel a Deus. Os filhos de Efraim, embora armados com arcos, bateram em retirada no dia do combate. Não guardaram a aliança de Deus, não quiseram andar na sua lei; esqueceram-se das suas obras e das maravilhas que lhes havia mostrado. Deus fez prodígios na presença de seus pais na terra do Egito, no campo de Zoã. Dividiu o mar e os fez passar por ele; fez parar as águas como um montão. Durante o dia, os guiou com uma nuvem e de noite, com um clarão de fogo. No deserto, fendeu rochas e lhes deu de beber abundantemente como de abismos. Da pedra fez brotar torrentes, fez manar água como rios. Mas, ainda assim, continuaram a pecar contra ele e se rebelaram, no deserto, contra o Altíssimo. Tentaram a Deus no seu coração, pedindo alimento que lhes fosse do gosto. Falaram contra Deus, dizendo: “Será que Deus pode preparar-nos uma mesa no deserto? É verdade que ele feriu a rocha, e dela manaram águas, transbordaram as torrentes. Mas será que ele pode dar-nos pão também? Ou fornecer carne para o seu povo?” Ouvindo isto, o Senhor ficou indignado; acendeu-se fogo contra Jacó, e também se levantou o seu furor contra Israel, porque não creram em Deus, nem confiaram na sua salvação. Mesmo assim, deu ordens às nuvens e abriu as portas dos céus; fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e lhes deu cereal do céu. Todos comeram o pão dos anjos; ele enviou-lhes comida à vontade. Fez soprar no céu o vento do Oriente e pelo seu poder conduziu o vento do Sul. Também fez chover sobre eles carne como poeira e aves numerosas como a areia do mar. Fez com que caíssem no meio do arraial deles, ao redor de suas tendas. Então comeram e se fartaram a valer; pois lhes fez o que desejavam. Porém não reprimiram o apetite. Ainda tinham o alimento na boca, quando se elevou contra eles a ira de Deus, e entre os seus mais robustos semeou a morte, e prostrou os jovens de Israel. Apesar de tudo isso, continuaram a pecar e não creram nas maravilhas de Deus. Por isso, ele fez com que os seus dias se dissipassem num sopro e os seus anos, em súbito terror. Quando os fazia morrer, eles o buscavam; arrependidos, procuravam Deus. Lembravam-se de que Deus era a sua rocha e o Deus Altíssimo, o seu Redentor. Lisonjeavam-no, porém de boca, e com a língua lhe mentiam. Porque o coração deles não era firme para com ele, nem foram fiéis à sua aliança. Ele, porém, que é misericordioso, perdoa a iniquidade e não destrói; muitas vezes desvia a sua ira e não desperta toda a sua indignação. Lembra-se de que eles são simples mortais, vento que passa e não volta mais. Quantas vezes se rebelaram contra ele no deserto e nos lugares áridos lhe causaram tristeza! Tornaram a pôr Deus à prova, ofenderam o Santo de Israel. Não se lembraram do poder dele, nem do dia em que os resgatou do adversário; de como no Egito ele operou os seus sinais e os seus prodígios, no campo de Zoã; e transformou em sangue os rios deles, para que das suas correntes não bebessem. Enviou contra eles enxames de moscas que os devorassem e rãs que os destruíssem. Entregou às lagartas as suas colheitas e aos gafanhotos, o fruto do seu trabalho. Com chuvas de pedra lhes destruiu as vinhas e os seus sicômoros, com geada. Entregou ao granizo o gado deles e aos raios, os seus rebanhos. Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males. Deu livre curso à sua ira; não poupou da morte a alma deles, mas entregou a vida deles à peste. Matou todos os primogênitos no Egito, as primícias do vigor nas tendas de Cam. Fez sair o seu povo como ovelhas e o guiou pelo deserto, como um rebanho. Dirigiu-o com segurança, e não tiveram medo, ao passo que o mar submergiu os seus inimigos. Levou-os até a sua terra santa, até o monte que a sua mão direita adquiriu. Da presença deles expulsou as nações, cuja região repartiu com eles por herança; e nas suas tendas fez habitar as tribos de Israel. Ainda assim, tentaram o Deus Altíssimo, e a ele resistiram, e não lhe guardaram os testemunhos. Tornaram atrás e foram infiéis como os seus pais; desviaram-se como um arco enganoso. Pois o provocaram à ira com os seus lugares altos e com as suas imagens de escultura despertaram o seu ciúme. Deus ouviu isso e se indignou; rejeitou completamente o povo de Israel. Por isso, abandonou o tabernáculo de Siló, a tenda de sua morada aqui na terra, e passou a arca da aliança ao cativeiro, e a sua glória, à mão do adversário. Entregou o seu povo à espada e se encolerizou contra a sua própria herança. O fogo devorou os jovens deles, e as suas donzelas não tiveram canto nupcial. Os seus sacerdotes caíram à espada, e as suas viúvas não fizeram lamentações. Então o Senhor despertou como de um sono, como um valente que grita excitado pelo vinho; fez recuar a golpes os seus adversários e os entregou a perpétuo desprezo. Além disso, rejeitou a tenda de José e não elegeu a tribo de Efraim. Pelo contrário, escolheu a tribo de Judá, o monte Sião, que ele amava. E construiu o seu santuário durável como os céus e firme como a terra que estabeleceu para sempre. Também escolheu o seu servo Davi, e o tirou do aprisco das ovelhas, do cuidado das ovelhas e suas crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. E ele os apascentou segundo a integridade do seu coração e os dirigiu com sábias mãos.