Plano de leitura da Bíblia em 100 dias – 55
Texto(s) da Bíblia
- Romanos 14
Acolham quem é fraco na fé, não, porém, para discutir opiniões. Um crê que pode comer de tudo, mas quem é fraco na fé come legumes. Quem come de tudo não deve desprezar o que não come; e o que não come não deve julgar o que come de tudo, porque Deus o acolheu. Quem é você para julgar o servo alheio? Para o seu próprio dono é que ele está em pé ou cai; mas ficará em pé, porque o Senhor é poderoso para o manter em pé. Alguns pensam que certos dias são mais importantes do que os demais, mas outros pensam que todos os dias são iguais. Cada um tenha opinião bem-definida em sua própria mente. Quem pensa que certos dias são mais importantes faz isso para o Senhor. Quem come de tudo faz isso para o Senhor, porque dá graças a Deus. E quem não come de tudo é para o Senhor que não come e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e tornou a viver: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Você, porém, por que julga o seu irmão? E você, por que despreza o seu irmão? Pois todos temos de comparecer diante do tribunal de Deus. Como está escrito: “Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.” Assim, pois, cada um de nós prestará contas de si mesmo diante de Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Pelo contrário, tomem a decisão de não pôr tropeço ou escândalo diante do irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nada é impuro em si mesmo, a não ser para aquele que pensa que alguma coisa é impura; para esse é impura. Se o seu irmão fica triste por causa do que você come, você já não anda segundo o amor. Não faça perecer, por causa daquilo que você come, aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, difamado aquilo que vocês consideram bom. Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelas pessoas. Assim, pois, sigamos as coisas que contribuem para a paz e também as que são para a edificação mútua. Não destrua a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são puras, mas não é bom quando alguém come algo que causa escândalo. É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa que leve um irmão a tropeçar. A fé que você tem, guarde-a para você mesmo diante de Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, pois o que ele faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.
- Romanos 15
Ora, nós que somos fortes na fé temos de suportar as debilidades dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo; pelo contrário, como está escrito: “Os insultos dos que te insultavam caíram sobre mim.” Pois tudo o que no passado foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus da paciência e da consolação lhes conceda o mesmo modo de pensar de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que vocês, unânimes e a uma só voz, glorifiquem o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, acolham uns aos outros, como também Cristo acolheu vocês para a glória de Deus. Pois digo que Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais e para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome.” E também diz: “Alegrem-se, ó gentios, com o povo de Deus.” E ainda: “Louvem o Senhor, todos vocês, gentios, e todos os povos o louvem.” Também Isaías diz: “Virá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para governar os gentios; nele os gentios esperarão.” E o Deus da esperança encha vocês de toda alegria e paz na fé que vocês têm, para que sejam ricos de esperança no poder do Espírito Santo. E eu mesmo, meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade, têm todo o conhecimento e são aptos para admoestar uns aos outros. Entretanto, eu lhes escrevi, em parte mais ousadamente, como para fazer com que vocês se lembrem disso outra vez, por causa da graça que me foi dada por Deus, para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo. Tenho, pois, motivo de gloriar-me em Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus. Porque não ousarei falar sobre coisa alguma, a não ser sobre aquelas que Cristo fez por meio de mim, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito de Deus. Assim, desde Jerusalém e arredores até o Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo, esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já foi anunciado, para não edificar sobre alicerce alheio. Pelo contrário, como está escrito: “Aqueles que não tiveram notícia dele o verão, e os que nada tinham ouvido a respeito dele o entenderão.” Essa foi a razão por que também, muitas vezes, fui impedido de visitá-los. Mas, agora, não tendo mais campo de atividade nestas regiões e desejando há muitos anos visitá-los, penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha. Pois espero que, de passagem, eu possa vê-los e que vocês me encaminhem para lá, depois de haver primeiro desfrutado um pouco a companhia de vocês. Mas agora estou de partida para Jerusalém, a serviço dos santos. Porque a Macedônia e a Acaia resolveram levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, e de fato lhes são devedores. Porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais. Tendo, pois, concluído isto e havendo-lhes consignado este fruto, irei à Espanha, passando por aí. E bem sei que, ao visitá-los, irei na plenitude da bênção de Cristo. Irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, peço que lutem juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor, para que eu me veja livre dos rebeldes que vivem na Judeia, e que este meu serviço em Jerusalém seja bem-aceito pelos santos. Isto para que, pela vontade de Deus, eu chegue à presença de vocês com alegria e possa ter algum descanso na companhia de vocês. E o Deus da paz esteja com todos vocês. Amém!
- 2Samuel 1
Depois da morte de Saul, quando Davi tinha voltado de derrotar os amalequitas e já estava dois dias em Ziclague, aconteceu que, no terceiro dia, veio do arraial de Saul um homem com as roupas rasgadas e terra sobre a cabeça. Ao chegar diante de Davi, ele se inclinou, prostrando-se em terra. Davi lhe perguntou: — De onde você vem? Ele respondeu: — Fugi do arraial de Israel. Então Davi disse: — Como foi isso? Conte-me o que aconteceu. O moço respondeu: — O povo fugiu da batalha, e muitos foram mortos. Saul e seu filho Jônatas também morreram. Davi perguntou ao moço que lhe trazia as notícias: — Como você sabe que Saul e Jônatas, seu filho, estão mortos? Então o moço portador das notícias disse: — Cheguei, por acaso, ao monte Gilboa, e eis que Saul estava apoiado sobre a sua lança. E os carros de guerra e a cavalaria se aproximavam dele. Olhando ele para trás, me viu e me chamou. Eu disse: “Eis-me aqui.” Ele me perguntou: “Quem é você?” Eu respondi: “Eu sou amalequita.” Então ele me disse: “Venha aqui e me mate, pois me sinto vencido de cãibra, embora ainda esteja bem lúcido.” Então me aproximei dele e o matei, porque eu sabia que ele não viveria depois de ter caído. Peguei a coroa que ele tinha na cabeça e o bracelete e os trouxe aqui ao meu senhor. Então Davi rasgou as suas próprias roupas, e todos os homens que estavam com ele fizeram o mesmo. Prantearam, choraram e jejuaram até a tarde por Saul, por Jônatas, seu filho, pelo povo do Senhor e pela casa de Israel, porque tinham caído à espada. Então Davi perguntou ao moço portador das notícias: — De onde você é? Ele respondeu: — Sou filho de um homem estrangeiro, amalequita. Davi lhe disse: — Como você não temeu estender a mão para matar o ungido do Senhor? Então Davi chamou um dos moços e lhe disse: — Vá até lá e mate-o. Ele foi e o matou, enquanto Davi dizia: — O seu sangue caia sobre a sua cabeça, porque a sua própria boca testificou contra você, dizendo: “Matei o ungido do Senhor.” Davi pranteou Saul e seu filho Jônatas com esta lamentação. E ele ordenou que se ensinasse aos filhos de Judá o Hino ao Arco, que está escrito no Livro dos Justos. “A sua glória, ó Israel, foi morta sobre os seus montes! Como caíram os valentes! Não anunciem isso em Gate, nem o publiquem nas ruas de Asquelom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, nem saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos. Montes de Gilboa, que sobre vocês não caia nem orvalho, nem chuva, nem haja aí campos que produzam ofertas, pois neles foi profanado o escudo dos valentes, o escudo de Saul, que nunca mais será ungido com óleo. Sem sangue dos feridos, sem gordura dos valentes, nunca se recolheu o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul. Saul e Jônatas, queridos e amáveis, nem na vida nem na morte se separaram! Eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões.” “Filhas de Israel, chorem por Saul! Ele as vestia de rico escarlate, e enfeitava com ouro as roupas de vocês. Como caíram os valentes no meio da batalha! Jônatas sobre os montes foi morto! Estou angustiado por sua causa, meu irmão Jônatas; você era amabilíssimo para comigo! Excepcional era o seu amor, ultrapassando o amor de mulheres. Como caíram os valentes, e pereceram as armas de guerra!”
- 2Samuel 3
Durou muito tempo a guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi. Davi se fortalecia cada vez mais, enquanto a casa de Saul se enfraquecia. Em Hebrom, nasceram filhos a Davi. O primogênito foi Amnom, de Ainoã, a jezreelita. O segundo foi Quileabe, de Abigail, viúva de Nabal, o carmelita. O terceiro foi Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur. O quarto foi Adonias, filho de Hagite. O quinto foi Sefatias, filho de Abital. O sexto foi Itreão, de Eglá, mulher de Davi. Estes filhos de Davi nasceram em Hebrom. Enquanto durou a guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi, Abner se tornava cada vez mais poderoso na casa de Saul. Saul teve uma concubina chamada Rispa, filha de Aiá. Isbosete perguntou a Abner: — Por que você teve relações com a concubina de meu pai? Abner ficou indignado com as palavras de Isbosete e disse: — Sou eu um cão a serviço de Judá? Ainda hoje sou fiel à casa de Saul, seu pai, e aos irmãos e amigos dele e não entreguei você nas mãos de Davi. No entanto, hoje você quer me culpar por causa dessa mulher! Que Deus me castigue se eu não fizer por Davi o que o Senhor lhe prometeu, transferindo o reino da casa de Saul e estabelecendo o trono de Davi sobre Israel e sobre Judá, desde Dã até Berseba. E Isbosete não pôde dizer nada a Abner, porque tinha medo dele. Então Abner enviou mensageiros a Davi, dizendo: — De quem é a terra? Faça uma aliança comigo, e eu o ajudarei a fazer com que todo o Israel se junte a você. Davi respondeu: — Muito bem. Farei uma aliança com você, porém uma coisa exijo: quando vier falar comigo, você não verá a minha face, se primeiro não me trouxer Mical, filha de Saul. Davi também enviou mensageiros a Isbosete, filho de Saul, dizendo: — Dê-me de volta a minha mulher Mical. Para poder casar com ela dei como pagamento cem prepúcios de filisteus. Então Isbosete mandou tirá-la do seu marido Paltiel, filho de Laís. Seu marido a acompanhou, caminhando e chorando atrás dela, até Baurim. Então Abner disse a ele: — Agora vá e volte para casa. E ele voltou. Abner falou com os anciãos de Israel, dizendo: — No passado, vocês queriam que Davi reinasse sobre vocês. Façam isto agora, porque o Senhor falou a Davi, dizendo: “Por meio de Davi, meu servo, livrarei o meu povo das mãos dos filisteus e das mãos de todos os seus inimigos.” Abner falou também com a tribo de Benjamim. E então ele foi dizer a Davi, em Hebrom, tudo o que agradava a Israel e a toda a casa de Benjamim. Abner foi falar com Davi, em Hebrom, e vinte homens estavam com ele. Davi ofereceu um banquete a Abner e aos homens que tinham vindo com ele. Então Abner disse a Davi: — Eu me levantarei e irei para ajuntar todo o Israel ao rei, meu senhor, para fazerem aliança com o rei. E meu senhor reinará sobre tudo o que quiser. Então Davi deixou que Abner partisse, e ele se foi em paz. Eis que os servos de Davi e Joabe vieram de uma investida e traziam consigo grande despojo. Mas Abner já não estava com Davi, em Hebrom, porque este o havia deixado ir embora, e ele tinha ido em paz. Quando Joabe chegou com toda a tropa que estava com ele, disseram-lhe: — Abner, filho de Ner, veio falar com o rei, que deixou que ele fosse embora em paz. Então Joabe foi falar com o rei e lhe disse: — O que foi que o senhor fez? Eis que Abner esteve aqui e o senhor o deixou ir embora. Agora ele se foi! O senhor bem conhece Abner, filho de Ner. Veio para enganá-lo, para observar os seus movimentos e sondar todos os seus planos. Ao sair da presença de Davi, Joabe enviou mensageiros atrás de Abner, e eles o trouxeram de volta desde a cisterna de Sirá, sem que Davi o soubesse. Quando Abner voltou a Hebrom, Joabe o levou para um lado, no interior do portão da cidade, para lhe falar em segredo, e ali o feriu na barriga. E assim Abner morreu, por ter derramado o sangue de Asael, irmão de Joabe. Depois, quando Davi ficou sabendo, disse: — Eu e o meu reino somos inocentes diante do Senhor, para sempre, do sangue de Abner, filho de Ner. Que este sangue caia sobre a cabeça de Joabe e sobre toda a casa de seu pai! Que nunca falte na casa de Joabe quem tenha fluxo, quem seja leproso, quem se apoie em muleta, quem caia à espada, quem necessite de pão. Assim, Joabe e seu irmão Abisai mataram Abner, porque este tinha matado Asael, o irmão deles, na batalha de Gibeão. Então Davi disse a Joabe e a todo o povo que estava com ele: — Rasguem as suas roupas, vistam-se de panos de saco e façam lamentação por Abner. E o próprio rei Davi ia seguindo o caixão. Sepultaram Abner em Hebrom. O rei levantou a voz e chorou junto à sepultura de Abner. E todo o povo também chorou. E o rei fez a seguinte lamentação por Abner: “Por que Abner teve de morrer como se fosse um tolo? As suas mãos não estavam atadas, nem estavam acorrentados os seus pés. Você caiu como quem cai diante dos filhos da maldade!” E todo o povo chorou muito mais por ele. Então todo o povo veio fazer com que Davi comesse pão, sendo ainda dia. Mas Davi fez este juramento: — Que Deus me castigue severamente se eu provar pão ou qualquer outra coisa antes que o sol se ponha. Todo o povo notou isso e aprovou essa atitude, assim como aprovava tudo o que o rei fazia. Naquele dia, todo o povo e todo o Israel ficaram sabendo que o rei não tinha nada a ver com a morte de Abner, filho de Ner. Então o rei disse aos seus servos: — Saibam que hoje caiu em Israel um príncipe e um grande homem. Hoje sou fraco, embora ungido rei. Esses homens, os filhos de Zeruia, são mais fortes do que eu. Que o Senhor retribua ao que fez esse mal como ele merece.
- Salmos 72
Concede ao rei, ó Deus, os teus juízos e a tua justiça, ao filho do rei. Que ele julgue o teu povo com justiça e os teus aflitos, com retidão. Os montes trarão paz ao povo; também as colinas a trarão, com justiça. Que o rei julgue os aflitos do povo, salve os filhos dos necessitados e esmague o opressor. Ele permanecerá enquanto existir o sol e enquanto durar a lua, através das gerações. Seja ele como chuva que desce sobre a campina ceifada, como aguaceiros que regam a terra. Que em seus dias floresçam os justos, e haja abundância de paz até que cesse de haver lua. Domine ele de mar a mar e desde o rio até os confins da terra. Curvem-se diante dele os habitantes do deserto, e os seus inimigos lambam o pó. Que os reis de Társis e das ilhas lhe paguem tributo; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam presentes. E todos os reis se prostrem diante dele; todas as nações o sirvam. Porque ele livra os necessitados que pedem socorro, e também os aflitos e aqueles que não têm quem os ajude. Ele se compadece dos fracos e dos necessitados e salva a alma dos que precisam de auxílio. Ele os redime da opressão e da violência, e precioso lhe é o sangue deles. Viva o rei! E que lhe deem ouro de Sabá! Que continuamente se faça por ele oração, e o bendigam todos os dias. Haja na terra abundância de cereais, que ondulem até o alto dos montes. Sejam os seus frutos como os do Líbano, e das cidades floresçam os habitantes como a erva da terra. Que o nome do rei permaneça para sempre, e que prospere enquanto o sol brilhar! Que todos sejam abençoados por meio dele, e que todas as nações lhe chamem bem-aventurado. Bendito seja o Senhor Deus, o Deus de Israel, o único que faz maravilhas! Bendito para sempre o seu glorioso nome, e da sua glória se encha toda a terra. Amém e amém! Aqui terminam as orações de Davi, filho de Jessé.
- Daniel 1
No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou. O Senhor entregou nas mãos dele Jeoaquim, rei de Judá, e alguns dos utensílios da Casa de Deus. Nabucodonosor levou esses utensílios para a terra de Sinar, para o templo do seu deus, e os pôs na casa do tesouro do seu deus. Depois, o rei ordenou a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, sábios, instruídos, versados no conhecimento e que fossem competentes para servirem no palácio real. E que Aspenaz lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus. O rei determinou que eles recebessem uma alimentação diária tirada das finas iguarias da mesa real e do vinho que ele bebia. Os jovens deveriam ser educados ao longo de três anos e, ao final desse período, passariam a servir o rei. Entre eles, se achavam Daniel, Hananias, Misael e Azarias, que eram da tribo de Judá. O chefe dos eunucos lhes deu outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego. Daniel resolveu não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; por isso, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. E Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos. Porém o chefe dos eunucos disse a Daniel: — Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou o que vocês devem comer e beber. E se ele perceber que o rosto de vocês está mais abatido do que o rosto dos outros jovens da mesma idade? Se isto viesse a acontecer, vocês poriam a minha cabeça em perigo diante do rei. Então Daniel foi falar com o cozinheiro-chefe, a quem o chefe dos eunucos havia encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Daniel disse a ele: — Por favor, faça uma experiência com estes seus servos durante dez dias. Dê-nos legumes para comer e água para beber. Depois, compare a nossa aparência com a dos jovens que comem das finas iguarias do rei. Dependendo do que enxergar, o senhor decidirá o que fazer com estes seus servos. O cozinheiro-chefe concordou e fez a experiência durante dez dias. No fim dos dez dias, a aparência dos quatro jovens era melhor, e eles estavam mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei. Com isto, o cozinheiro-chefe tirou deles as finas iguarias e o vinho que deviam beber e lhes dava legumes. Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria. Mas a Daniel deu inteligência para interpretar todo tipo de visões e sonhos. Ao final do tempo determinado pelo rei para que os jovens fossem levados à sua presença, o chefe dos eunucos os levou à presença de Nabucodonosor. Então o rei falou com eles. E, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Por isso, passaram a servir o rei. Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino. Daniel continuou ali até o primeiro ano do reinado de Ciro.
- Daniel 2
No segundo ano do seu reinado, Nabucodonosor teve uns sonhos que o deixaram perturbado e sem poder dormir. Então o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os feiticeiros e os caldeus, para que lhe dissessem o que ele havia sonhado. Eles vieram e se apresentaram diante do rei. Ele lhes disse: — Tive um sonho e fiquei perturbado, querendo saber que sonho foi esse. Os caldeus disseram ao rei em aramaico: — Que o rei viva eternamente! Conte o sonho a estes seus servos, e daremos a interpretação. Mas o rei respondeu aos caldeus: — Uma coisa é certa: se não me contarem o sonho e a sua interpretação, vocês serão despedaçados, e as casas de vocês serão reduzidas a ruínas. Mas, se me contarem o sonho e a sua interpretação, vocês receberão de mim dádivas, prêmios e grandes honras. Portanto, contem-me o sonho e a sua interpretação. Os caldeus responderam pela segunda vez: — Que o rei conte o sonho a estes seus servos, e nós lhe daremos a interpretação. O rei respondeu: — Bem percebo que vocês estão querendo ganhar tempo, porque sabem que o que eu disse está resolvido, isto é, se não me contarem o sonho, todos vocês receberão a mesma sentença. Vocês combinaram dizer palavras mentirosas e perversas na minha presença, esperando que a situação mude. Portanto, contem-me o sonho, e saberei que vocês podem me dar a interpretação. Os caldeus responderam na presença do rei: — Não há nenhum mortal sobre a face da terra que possa fazer o que o rei exige. Nunca houve um rei, por maior e mais poderoso que fosse, que tenha exigido semelhante coisa de um mago, encantador ou caldeu. Isso que o rei exige é difícil, e não há ninguém que o possa revelar diante do rei, a não ser os deuses, e estes não moram entre os mortais. Ao ouvir isto, o rei ficou tão irado e furioso, que mandou matar todos os sábios da Babilônia. Saiu o decreto, segundo o qual os sábios deviam ser mortos. Foram buscar também Daniel e os seus companheiros, para que fossem mortos. Então Daniel, com cautela e prudência, foi falar com Arioque, chefe da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios da Babilônia. Daniel perguntou a Arioque, encarregado do rei: — Por que esse decreto do rei é tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel. Daniel foi falar com o rei, para pedir que lhe desse tempo, e ele revelaria ao rei a interpretação. Então Daniel foi para casa e explicou a situação a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros, para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e os seus companheiros não fossem mortos com o resto dos sábios da Babilônia. Então o mistério foi revelado a Daniel numa visão de noite. Daniel bendisse o Deus do céu, dizendo: “Bendito seja o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder! É ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. Ó Deus de meus pais, eu te agradeço e te louvo, porque me deste sabedoria e poder, e agora me revelaste o que te pedimos, porque nos fizeste saber este caso do rei.” Por isso, Daniel foi falar com Arioque, a quem o rei tinha encarregado de exterminar os sábios da Babilônia. Daniel entrou e lhe disse: — Não mate os sábios da Babilônia! Leve-me à presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. Então Arioque depressa levou Daniel à presença do rei e lhe disse: — Achei um dos filhos dos exilados de Judá, que revelará ao rei a interpretação. O rei perguntou a Daniel, cujo nome era Beltessazar: — Você é capaz de me contar o que vi no sonho e qual é a sua interpretação? Daniel respondeu na presença do rei: — O mistério que o rei exige, nem sábios, nem magos nem encantadores o podem revelar. Mas há um Deus no céu, que revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que vai acontecer nos últimos dias. O sonho e as visões que o senhor teve, quando estava em sua cama, são estes: — Quando o senhor, ó rei, estava na sua cama, surgiram em sua mente pensamentos a respeito do que vai acontecer no futuro. Deus, que revela os mistérios, revelou ao senhor o que vai acontecer. Quanto a mim, este mistério me foi revelado, não porque exista em mim mais sabedoria do que em todos os outros homens, mas para que a interpretação fosse revelada ao rei, e para que ele entenda o que passou pela sua mente. — O senhor, ó rei, estava olhando e viu uma grande estátua. Esta, que era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé, bem na sua frente; e a aparência dela era terrível. A cabeça era de ouro puro, o peito e os braços eram de prata, o ventre e os quadris eram de bronze; as pernas eram de ferro, e os pés eram em parte de ferro e em parte de barro. Enquanto o senhor estava olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos humanas, atingiu a estátua nos pés de ferro e de barro e os despedaçou. O ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro foram despedaçados no mesmo instante, e se fizeram como a palha das eiras no verão. O vento os levou, e deles não se viu mais nenhum vestígio. Mas a pedra que atingiu a estátua se tornou uma grande montanha, que encheu toda a terra. — Este é o sonho; e também a sua interpretação diremos ao rei. O senhor, ó rei, que é rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força e a glória; em cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasse sobre todos eles, o senhor, ó rei, é a cabeça de ouro. — Depois do senhor, se levantará outro reino, inferior ao seu; e um terceiro reino, de bronze, que terá domínio sobre toda a terra. O quarto reino será forte como o ferro; pois o ferro quebra e despedaça tudo; como o ferro quebra todas as coisas, assim esse reino fará em pedaços e destruirá todos os outros. — Quanto aos pés e aos dedos dos pés que o senhor viu, que eram em parte de barro de oleiro e em parte de ferro, isto significa que esse será um reino dividido. Contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, porque o senhor viu o ferro misturado com barro. Como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim, por um lado, o reino será forte e, por outro, será frágil. Quanto ao ferro misturado com o barro que o senhor viu, isto significa que procurarão se misturar por meio de casamentos, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que jamais será destruído e que não passará a outro povo. Esse reino despedaçará e consumirá todos esses outros reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, assim como o rei viu que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos humanas, e ela despedaçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus revelou ao rei o que vai acontecer no futuro. Certo é o sonho, e fiel é a sua interpretação. Então o rei Nabucodonosor se inclinou e se prostrou com rosto em terra diante de Daniel. Ordenou que oferecessem a Daniel uma oferta de cereais e incenso. O rei disse a Daniel: — Certamente o Deus que vocês adoram é o Deus dos deuses e o Senhor dos reis. Ele é quem revela os mistérios, pois você foi capaz de revelar este mistério. Então o rei engrandeceu Daniel e lhe deu muitos e grandes presentes. Ele o pôs como governador de toda a província da Babilônia. Também o fez chefe supremo de todos os sábios da Babilônia. A pedido de Daniel, o rei pôs Sadraque, Mesaque e Abede-Nego como administradores da província da Babilônia; mas Daniel permaneceu na corte do rei.