Plano de leitura da Bíblia em 100 dias – 45
Texto(s) da Bíblia
- Atos 19
Aconteceu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso. Encontrando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: — Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? Ao que eles responderam: — Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. Paulo perguntou: — Então que batismo vocês receberam? Eles responderam: — O batismo de João. Paulo explicou: — João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que viria depois dele, a saber, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados no nome do Senhor Jesus. E, quando Paulo lhes impôs as mãos, o Espírito Santo veio sobre eles, e tanto falavam em línguas como profetizavam. Eram, ao todo, uns doze homens. Durante três meses, Paulo frequentou a sinagoga, onde falava ousadamente, discutindo e persuadindo a respeito do Reino de Deus. Mas como alguns deles se mostravam teimosos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo se afastou deles. E, levando consigo os discípulos, passou a falar diariamente na escola de Tirano. Paulo fez isso durante dois anos, de modo que todos os habitantes da província da Ásia ouviram a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos. Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam. E alguns judeus, exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre pessoas possuídas de espíritos malignos, dizendo: — Ordeno que saiam pelo poder de Jesus, a quem Paulo prega. Os que faziam isto eram sete filhos de um judeu chamado Ceva, sumo sacerdote. Mas o espírito maligno lhes respondeu: — Conheço Jesus e sei quem é Paulo; mas vocês, quem são? E o possuído do espírito maligno saltou sobre eles, dominando a todos e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, nus e feridos, fugiram daquela casa. Este fato chegou ao conhecimento de todos os moradores de Éfeso, tanto judeus como gregos. Veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras. Também muitos dos que haviam praticado magia, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculado o valor dos livros, verificaram que chegava a cinquenta mil denários. Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente. Depois destas coisas, Paulo resolveu, no seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e Acaia. Ele dizia: — Depois de passar por Jerusalém, preciso ir também a Roma. Tendo enviado à Macedônia dois daqueles que o ajudavam, a saber, Timóteo e Erasto, permaneceu algum tempo na província da Ásia. Por esse tempo, houve grande tumulto em Éfeso por causa do Caminho. Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia modelos de prata do templo de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros do mesmo ofício, disse-lhes: — Senhores, vocês sabem que a nossa prosperidade vem deste ofício. E agora vocês estão vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a província da Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade. Não somente há o perigo de que o nosso negócio caia em descrédito, como também de que o próprio templo da grande deusa Diana seja considerado sem valor, e que até venha a ser destruída a majestade daquela que toda a província da Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, ficaram furiosos e começaram a gritar: — Grande é a Diana dos efésios! A confusão se espalhou pela cidade, e todos juntos foram correndo para o teatro, arrastando consigo os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. Quando Paulo quis apresentar-se ao povo, os discípulos não o permitiram. Também algumas autoridades da província, que eram amigos de Paulo, mandaram um recado, pedindo que ele não se arriscasse indo ao teatro. Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembleia tinha virado uma confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos. Então tiraram Alexandre do meio da multidão, e os judeus o empurraram para a frente. Este, acenando com a mão, queria falar ao povo. Quando, porém, reconheceram que ele era judeu, todos, a uma voz, gritaram durante quase duas horas: — Grande é a Diana dos efésios! O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: — Senhores efésios, quem não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da imagem que caiu do céu? Ora, não podendo isto ser contestado, convém que vocês se mantenham calmos e não façam nada de forma precipitada; porque estes homens que vocês trouxeram para cá não profanaram o templo, nem blasfemam contra a nossa deusa. Portanto, se Demétrio e os artífices que o acompanham têm alguma queixa contra alguém, saibam que existem os tribunais e os procônsules; que se acusem uns aos outros ali. Mas, se vocês estão pleiteando alguma outra coisa, isso será decidido em assembleia regular. Porque também corremos o risco de sermos, hoje, acusados de revolta, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento. E, havendo dito isto, dissolveu a assembleia.
- Atos 20
Cessado o tumulto, Paulo mandou chamar os discípulos e, tendo-os encorajado, despediu-se e foi para a Macedônia. Havendo atravessado aquelas terras, fortalecendo os discípulos com muitas exortações, dirigiu-se para a Grécia, onde se demorou três meses. Quando estava para embarcar rumo à Síria, houve uma conspiração por parte dos judeus contra ele. Então decidiu voltar pela Macedônia. Acompanharam-no Sópatro, de Bereia, filho de Pirro; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, de Derbe; Timóteo; e também Tíquico e Trófimo, da província da Ásia. Estes nos precederam, ficando à nossa espera em Trôade. Depois dos dias dos pães sem fermento, navegamos de Filipos e, em cinco dias, nos encontramos com eles em Trôade, onde passamos uma semana. No primeiro dia da semana, nós nos reunimos a fim de partir o pão. Paulo, que pretendia viajar no dia seguinte, falava aos irmãos e prolongou a mensagem até a meia-noite. Havia muitas lâmpadas no cenáculo onde estávamos reunidos. Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormecendo profundamente durante a prolongada mensagem de Paulo, vencido pelo sono, caiu do terceiro andar abaixo. Quando o levantaram, estava morto. Mas Paulo desceu, inclinou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: — Não fiquem alvoroçados, pois ele está vivo. Subindo de novo, Paulo partiu o pão e comeu. E lhes falou ainda muito tempo até o amanhecer. E, assim, partiu. Então conduziram vivo o rapaz e sentiram-se grandemente confortados. Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde devíamos receber Paulo, porque assim nos havia sido determinado, devendo ele ir por terra. Quando se reuniu conosco em Assôs, nós o recebemos a bordo e fomos a Mitilene. Dali, navegando, no dia seguinte passamos diante de Quios. Levamos mais um dia até Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. Paulo já tinha resolvido não aportar em Éfeso, pois não queria demorar-se na província da Ásia. Ele tinha pressa, pois queria, caso lhe fosse possível, passar o dia de Pentecostes em Jerusalém. De Mileto, Paulo enviou uma mensagem a Éfeso, pedindo aos presbíteros da igreja que se encontrassem com ele. E, quando chegaram, Paulo lhes disse: — Vocês sabem como me conduzi entre vocês em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na província da Ásia, servindo o Senhor com toda a humildade, com lágrimas e com as provações que me sobrevieram pelas ciladas dos judeus. Vocês sabem que jamais deixei de anunciar o que fosse proveitoso e de ensinar isso a vocês publicamente e também de casa em casa, testemunhando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. E, agora, impelido pelo Espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali vai me acontecer, exceto que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que prisões e sofrimentos estão à minha espera. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, desde que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. — E agora eu sei que todos vocês, em cujo meio passei pregando o Reino, não mais verão o meu rosto. Portanto, no dia de hoje testifico diante de vocês que estou limpo do sangue de todos, porque jamais deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus. Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que até mesmo entre vocês se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás de si. Portanto, vigiem, lembrando que, durante três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, cada um de vocês. — Agora, pois, eu os entrego aos cuidados de Deus e à palavra da sua graça, que tem poder para edificá-los e dar herança entre todos os que são santificados. De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem roupas; vocês mesmos sabem que estas minhas mãos serviram para o que era necessário a mim e aos que estavam comigo. Em tudo tenho mostrado a vocês que, trabalhando assim, é preciso socorrer os necessitados e lembrar das palavras do próprio Senhor Jesus: “Mais bem-aventurado é dar do que receber.” Tendo dito isso, ajoelhando-se, Paulo orou com todos eles. Então houve grande pranto entre todos, e, abraçando Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele tinha dito: que não mais veriam o seu rosto. E eles o acompanharam até o navio.
- Juízes 16
Sansão foi a Gaza, viu ali uma prostituta e teve relações com ela. Foi dito aos gazitas: — Sansão chegou aqui. Eles cercaram o local e ficaram a noite toda esperando por ele, às escondidas, no portão da cidade. Ficaram em silêncio durante toda a noite, pois diziam: — Vamos esperar até o raiar do dia. Então nós o matamos. Porém Sansão ficou deitado somente até a meia-noite. Então se levantou, pegou ambas as folhas do portão da cidade e as arrancou juntamente com os seus batentes e a tranca. Pôs tudo sobre os ombros e levou ao alto do monte que está em frente de Hebrom. Depois disto, Sansão se apaixonou por uma mulher do vale de Soreque, a qual se chamava Dalila. Então os governantes dos filisteus foram falar com ela e lhe disseram: — Convença-o a revelar em que consiste a sua grande força e como poderíamos dominá-lo e amarrá-lo, para que assim possamos subjugá-lo. Cada um de nós dará a você mil e cem moedas de prata. Então Dalila disse a Sansão: — Peço que você me conte em que consiste a sua grande força e com que você poderia ser amarrado e subjugado. Sansão respondeu: — Se me amarrarem com sete cordas de arco ainda úmidas, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem. Os governantes dos filisteus trouxeram a Dalila sete cordas de arco, ainda úmidas; e com as cordas ela o amarrou. Dalila havia deixado alguns homens escondidos no seu quarto. Então ela disse: — Sansão, os filisteus vêm vindo aí! Mas ele arrebentou as cordas de arco como se arrebenta o fio da estopa chamuscada que é colocada perto do fogo. Assim, não se soube em que consistia a força que ele tinha. Então Dalila disse a Sansão: — Eis que você tem zombado de mim e me falou mentiras. Agora, por favor, conte-me como você pode ser amarrado. Ele lhe disse: — Se me amarrarem bem com cordas novas, que nunca foram usadas, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem. Dalila pegou cordas novas e o amarrou. Depois disse: — Sansão, os filisteus vêm vindo aí! Dalila havia deixado alguns homens escondidos no seu quarto. Mas Sansão arrebentou as cordas de seus braços como se fossem um fio de linha. Dalila disse a Sansão: — Até agora você tem zombado de mim e só me falou mentiras. Diga-me como você poderia ser amarrado. Ele respondeu: — Se você tecer num tear as sete tranças da minha cabeça e se as prender com um pino de tear, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem. Enquanto ele dormia, ela pegou e teceu as sete tranças dele num tear. Prendeu-as com um pino de tear e depois gritou: — Sansão, os filisteus vêm vindo aí! Mas ele despertou do sono, arrancou o pino e tirou o cabelo do tear. Então ela lhe disse: — Como você pode dizer que me ama, se não me revela o seu segredo? Por três vezes você zombou de mim e ainda não me contou em que consiste a sua grande força. Ela o importunava e pressionava todos os dias com a mesma pergunta, de modo que a alma dele se angustiou até a morte. Então ele contou o seu segredo, dizendo: — Nunca foi passada uma navalha na minha cabeça, porque sou nazireu consagrado a Deus desde o ventre de minha mãe. Se o meu cabelo for cortado, a minha força irá embora, ficarei fraco e serei como qualquer outro homem. Quando Dalila viu que ele lhe havia contado o seu segredo, mandou chamar os governantes dos filisteus, dizendo: — Venham mais esta vez, porque agora ele me contou o seu segredo. Então os governantes dos filisteus vieram até ela e trouxeram com eles o dinheiro. Dalila fez com que Sansão dormisse no colo dela e, tendo chamado um homem, mandou rapar-lhe as sete tranças da cabeça, e assim começou a subjugá-lo. Sansão havia perdido a sua força. Então ela gritou: — Sansão, os filisteus vêm vindo aí! Ele despertou do sono e disse consigo mesmo: — Vou sair como nas outras vezes e me livrarei. Mas ele não sabia ainda que o Senhor já se havia retirado dele. Então os filisteus o agarraram, furaram os olhos dele e o levaram para Gaza. Amarraram-no com correntes de bronze e o puseram a virar um moinho na prisão. Mas o cabelo da sua cabeça, logo após ser rapado, começou a crescer de novo. Os governantes dos filisteus se reuniram para oferecer um grande sacrifício ao seu deus Dagom e para se alegrar. Diziam: — O nosso deus entregou o nosso inimigo Sansão nas nossas mãos. O povo, quando viu Sansão, louvava o seu deus, dizendo: — O nosso deus entregou nas nossas mãos o nosso inimigo, aquele que destruía a nossa terra e multiplicava os nossos mortos. Com alegria no coração, disseram: — Mandem vir Sansão, para que ele nos divirta. Trouxeram Sansão do cárcere, e ele os divertia. Quando o fizeram ficar em pé entre as colunas, Sansão disse ao moço que o guiava pela mão: — Deixe-me apalpar as colunas que sustentam o templo, para que eu possa me encostar nelas. Ora, o templo estava cheio de homens e mulheres, e também ali estavam todos os governantes dos filisteus. E sobre o teto havia uns três mil homens e mulheres, que olhavam enquanto Sansão os divertia. Sansão clamou ao Senhor e disse: — Senhor Deus, peço-te que te lembres de mim. Dá-me força só mais esta vez, ó Deus, para que eu me vingue dos filisteus, que furaram os meus olhos. Em seguida, Sansão abraçou-se às duas colunas do meio, que sustentavam o templo, e fez força sobre elas, com a mão direita em uma e com a esquerda na outra. E disse: — Que eu morra com os filisteus. E empurrou com toda a sua força, e o templo caiu sobre os governantes e sobre todo o povo que ali estava. Assim, foram mais os que Sansão matou quando morreu do que os que ele havia matado durante toda a sua vida. Então os seus irmãos e toda a casa de seu pai foram buscar o corpo. Eles o levaram e sepultaram entre Zorá e Estaol, no túmulo de Manoá, seu pai. Sansão julgou Israel durante vinte anos.
- Juízes 19
Naqueles dias, em que não havia rei em Israel, houve um homem levita, que, peregrinando nos lados da região montanhosa de Efraim, tomou para si uma concubina de Belém de Judá. Porém ela se irritou com ele e, deixando-o, voltou para a casa de seu pai, em Belém de Judá, onde ficou durante uns quatro meses. Seu marido, levando consigo o seu servo e dois jumentos, foi atrás dela para tentar convencê-la a voltar. Ela o fez entrar na casa de seu pai. Este, quando viu o levita, saiu alegre a recebê-lo. O sogro, o pai da moça, convenceu o levita a ficar com ele durante três dias; comeram, beberam, e o casal se alojou ali. No quarto dia, madrugaram e se levantaram para partir. Mas o pai da moça disse a seu genro: — Coma alguma coisa, para você ter mais força para a viagem. Depois disso vocês podem ir embora. Os dois se sentaram, comeram e beberam juntos. Então o pai da moça disse ao homem: — Por favor, fique aqui mais uma noite e alegre o seu coração. Quando o homem se levantou para partir, o seu sogro insistiu para que ficasse, e ele mais uma vez pernoitou ali. No quinto dia, ele se levantou de madrugada para partir, mas o pai da moça lhe disse: — Coma alguma coisa. Fiquem até o entardecer. E ambos comeram juntos. Então o homem se levantou para partir, ele, a sua concubina e o seu servo. Mas o sogro dele, o pai da moça, lhe disse: — Olhe! Está ficando tarde e a noite vem chegando. Passe mais uma noite aqui. Este dia já está acabando. Passe aqui a noite, e alegre o seu coração. Amanhã de madrugada vocês podem se levantar e viajar de volta para casa. Porém o homem não quis passar ali mais uma noite. Ele se levantou, partiu e chegou até a altura de Jebus, isto é, Jerusalém. Com ele iam os dois jumentos encilhados e também a sua concubina. Quando chegaram perto de Jebus, o dia já estava chegando ao fim. Então o servo disse a seu senhor: — Venha, vamos sair da estrada e entrar nessa cidade dos jebuseus e passemos ali a noite. Porém o seu senhor lhe disse: — Não vamos entrar em nenhuma cidade estranha, que não seja dos filhos de Israel. Vamos um pouco mais adiante até Gibeá. E continuou: — Venha, vamos a um desses lugares e pernoitemos em Gibeá ou em Ramá. Assim passaram adiante e continuaram a viagem. E o sol se pôs quando chegaram a Gibeá, que pertence a Benjamim. Saíram da estrada para entrar em Gibeá, a fim de, nela, passarem a noite. O levita entrou e se sentou na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali pernoitarem. Eis que, ao anoitecer, um homem velho estava voltando do seu trabalho no campo. Ele era da região montanhosa de Efraim, mas morava em Gibeá. Os outros habitantes do lugar eram benjamitas. Quando o velho ergueu os olhos e viu o viajante na praça da cidade, perguntou: — Para onde você está indo? E de onde você vem? O levita respondeu: — Estamos viajando de Belém de Judá para os lados da região montanhosa de Efraim, de onde sou. Fui a Belém de Judá e, agora, estou de viagem para a Casa do Senhor. Ninguém me recebeu em sua casa, embora tenhamos palha e pasto para os nossos jumentos, e também pão e vinho para mim, e para esta sua serva, e para o moço que vem com estes seus servos. Não nos falta nada. Então o velho disse: — Que a paz esteja com você! Tudo o que lhe vier a faltar fique a meu encargo. Só não passem a noite na praça. Ele os levou para a sua casa e deu pasto aos jumentos. Depois de lavarem os pés, comeram e beberam. Enquanto eles se alegravam, eis que os homens daquela cidade, homens malignos, cercaram a casa e começaram a bater na porta. E disseram ao velho, o dono da casa: — Traga para fora o homem que entrou em sua casa, para que abusemos dele. O dono da casa saiu para falar com eles e disse: — Não, meus irmãos, não façam esta maldade. Já que o homem está em minha casa, não façam uma loucura dessas. Vejam, aqui estão a minha filha virgem e a concubina dele. Vou pôr as duas para fora e vocês poderão abusar delas e fazer o que bem quiserem. Mas não façam uma loucura dessas com este homem! Porém aqueles homens não o quiseram ouvir. Então o levita pegou a sua concubina e a entregou a eles do lado de fora. E eles a forçaram e abusaram dela toda a noite até pela manhã; e, quando estava amanhecendo, eles a deixaram. Ao amanhecer, a mulher veio e caiu à porta da casa do homem, onde o seu senhor estava hospedado. E ela ficou ali até o clarear do dia. De manhã, quando o seu senhor se levantou e abriu as portas da casa, para continuar a viagem, eis que a mulher, sua concubina, jazia à porta da casa, com as mãos sobre a soleira. Ele lhe disse: — Levante-se, e vamos embora! Porém não houve resposta. Então o homem a pôs sobre o jumento e foi para a sua casa. Chegando a casa, pegou uma faca e cortou o corpo da concubina em doze pedaços. E enviou os pedaços para todas as regiões da terra de Israel. Todos os que viram isso diziam: — Nunca se fez uma coisa dessas, nem se viu nada semelhante desde o dia em que os filhos de Israel saíram da terra do Egito até o dia de hoje. Pensem nisso, discutam entre si e digam o que se deve fazer.
- Salmos 42
Assim como a corça suspira pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando irei e me apresentarei diante da face de Deus? As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite, enquanto me dizem continuamente: “E o seu Deus, onde está?” Lembro-me destas coisas — e dentro de mim se derrama a minha alma —, de como eu passava com a multidão de povo e os guiava em procissão à Casa de Deus, entre gritos de alegria e louvor, multidão em festa. Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Sinto abatida dentro de mim a minha alma; lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, no Hermom, e no monte Mizar. Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas cachoeiras; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim. Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e de noite está comigo o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida. Pergunto a Deus, minha rocha: “Por que te esqueceste de mim? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?” Os meus ossos se esmigalham, quando os meus adversários me insultam, perguntando sem parar: “E o seu Deus, onde está?” Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.
- Salmos 44
Ó Deus, nós ouvimos com os próprios ouvidos; nossos pais nos contaram o que fizeste outrora, em seus dias. Com a tua mão expulsaste as nações e estabeleceste os nossos pais; afligiste os povos e ampliaste o território de nossos pais. Pois não foi por sua espada que eles conquistaram a terra, nem foi o seu braço que lhes deu vitória, e sim a tua mão poderosa, e o teu braço, e a luz do teu rosto, porque te agradaste deles. Tu és o meu rei, ó Deus; ordena a vitória de Jacó. Com o teu auxílio, vencemos os nossos inimigos; em teu nome, pisamos sobre os que se levantam contra nós. Não confio no meu arco, e não é a minha espada que me salva. Pois tu nos salvaste dos nossos inimigos e cobriste de vergonha os que nos odeiam. Em Deus, nos temos gloriado continuamente e para sempre louvaremos o teu nome. Agora, porém, tu nos rejeitaste e nos expuseste à vergonha, e já não acompanhas os nossos exércitos. Tu nos fazes bater em retirada diante dos nossos inimigos, e os que nos odeiam nos tomam por seu despojo. Entregaste-nos como ovelhas para o matadouro e nos espalhaste entre as nações. Vendes por nada o teu povo e não tens lucro com a sua venda. Tu nos fazes objeto de deboche para os nossos vizinhos, de escárnio e de zombaria aos que nos rodeiam. Tu fazes de nós provérbio entre as nações; os povos nos veem e balançam a cabeça. A minha humilhação está sempre diante de mim; o meu rosto se cobre de vergonha, ante os gritos do que afronta e blasfema, à vista do inimigo e do vingador. Tudo isso nos sobreveio; entretanto, não nos esquecemos de ti, nem fomos infiéis à tua aliança. O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram dos teus caminhos, para nos esmagares onde vivem os chacais e nos envolveres com as sombras da morte. Se tivéssemos esquecido o nome do nosso Deus ou se tivéssemos estendido as mãos a um deus estranho, será que Deus não teria descoberto isso, ele, que conhece os segredos dos corações? Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos considerados como ovelhas para o matadouro. Desperta! Por que dormes, Senhor? Desperta! Não nos rejeites para sempre! Por que escondes o rosto e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão? Pois a nossa alma está abatida até o pó, e o nosso corpo está como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos; resgata-nos por amor da tua bondade.