151ENTÃO respondeu Elifaz o temanita, e disse: 2Porventura dará o sábio em resposta ciência de vento? E encherá o seu ventre de vento oriental? 3Arguindo com palavras que de nada servem, e com razões, com que nada aproveita? 4E tu tens feito vão o temor, e diminuis os rogos diante de Deus. 5Porque a tua boca declara a tua iniquidade; e tu escolheste a língua dos astutos. 6A tua boca
te condena, e não eu, e os teus lábios testificam contra ti. 7És tu porventura o primeiro homem que foi nascido.
Ou foste gerado antes dos outeiros? 8Ou ouviste
1Co 2.11
o secreto conselho de Deus e a ti só limitaste a sabedoria? 9Que sabes
tu, que nós não saibamos? Que entendes, que não haja em nós? 10Também
há entre nós encanecidos e idosos, muito mais idosos do que teu pai. 11Por ventura as consolações de Deus te são pequenas? ou alguma cousa se oculta em ti? 12Por que te arrebata o teu coração e por que piscas os teus olhos, 13Para virares contra Deus o teu espírito, e deixares sair tais palavras da tua boca? 14Que
2Cr 6.36
Jó 14.4
Pv 20.8
Ec 7.20
1Jo 1.8
é o homem, para que seja puro? e o que nasce da mulher, para que fique justo? 15Eis que nos
25.5
seus santos não confiaria, e nem os céus são puros aos seus olhos. 16Quanto mais
abominável e corrupto é o homem, que bebe a
Pv 19.28
iniquidade como a água?
17Escuta-me, mostrar-to-ei; e o que vi te contarei 18(O que os sábios anunciaram, e, que o ouviram de seus pais, o não
ocultaram. 19Aos quais somente se dera a terra, e nenhum estranho passou
por entre eles): 20Todos os dias o ímpio se dá pena a si mesmo, no curto número de anos que se reservam para o tirano. 21O sonido dos horrores está nos seus
ouvidos; até na paz lhe sobrevém o assolador. 22Não crê que tornará das trevas, mas que o espera a espada. 23Anda vagueando por pão, dizendo: Onde está? Bem sabe que o dia
das trevas lhe está perto à mão. 24Assombram-no a angústia e a tribulação; prevalecem contra ele, como o rei preparado para a peleja. 25Porque estendeu a sua mão contra Deus, e contra o Todo-poderoso se embraveceu. 26Arremete contra ele com dura cerviz, e com os pontos grossos dos seus escudos. 27Porquanto cobriu o seu rosto com a sua gordura, e criou enxúndia nas ilhargas. 28E habitou em cidades assoladas, em casas em que ninguém morava, que estavam a ponto de fazer-se montões de ruínas. 29Não se enriquecerá, nem subsistirá a sua fazenda, nem se estenderão pela terra as suas possessões. 30Não escapará das trevas; e chama do fogo secará os seus renovos e ao assopro da sua boca
desaparecerá. 31Não confie pois na
vaidade enganando-se a si mesmo, porque a vaidade será a sua recompensa. 32Antes
do seu dia ela se consumará; e o seu ramo não reverdecerá. 33Sacudirá as suas uvas verdes, como as da vide, e deixará cair a sua flor como a da oliveira. 34Porque o ajuntamento dos hipócritas se fará estéril, e o fogo, consumirá as tendas do suborno. 35Concebem
Os 10.13
o trabalho, e produzem a iniquidade, e o seu ventre prepara enganos.
161ENTÃO respondeu Jó, e disse: 2Tenho ouvido muitas cousas como estas; todos vós sois consoladores
molestos. 3Porventura não terão fim estas palavras de vento? Ou que te irrita, para assim responderes? 4Falaria eu também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha alma? Ou amontoaria palavras contra vós, e menearia contra vós a minha cabeça? 5Antes vos fortaleceria com a minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria a vossa dor. 6Se eu falar, a minha dor não cessa, e, calando-me, qual é o meu alívio? 7Na verdade, agora me molestou; tu assolaste toda a minha companhia. 8Testemunha disto é que já me fizeste enrugado, e a minha magreza já se levanta contra mim e no meu rosto testifica contra mim. 9Na sua ira me
despedaçou, e ele me perseguiu; rangeu os seus dentes contra mim; aguça o meu adversário os seus olhos
contra mim. 10Abrem
Mq 5.1
a sua boca contra mim; com desprezo me feriram nos queixos, e contra mim se ajuntam todos. 11Entrega-me
Deus ao perverso, e nas mãos dos ímpios me faz cair. 12Descansado estava eu, porém ele me quebrantou; e pegou-me pelo pescoço, e me despedaçou; também me pôs por seu alvo. 13Cercam-me os seus frecheiros; atravessa-me os rins, e não me poupa; e o meu fel derrama pela terra. 14Quebranta-me com quebranto sobre quebranto; arremete contra mim como um valente. 15Cosi sobre a minha
pele o saco, e revolvi a minha cabeça no pó. 16O meu rosto todo está descorado de chorar, e sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte, 17Apesar de não haver violência nas minhas mãos, e de ser pura a minha oração. 18Ah! terra, não cubras o meu sangue; e não
haja lugar para o meu clamor! 19Eis que também agora está a minha
testemunha no céu, e o meu fiador nas alturas. 20Os meus amigos são os que zombam de mim; os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus. 21Ah!
Ec 6.10
Is 45.9
Rm 9.20
Se alguém pudesse contender com Deus pelo homem, como o filho do homem pelo seu amigo! 22Porque decorridos poucos anos, eu seguirei o caminho por onde não tornarei.
171O MEU espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a
sepultura. 2Porventura não estão zombadores comigo? E os meus olhos não contemplam as suas amarguras? 3Promete agora, e dá-me um fiador para contigo;
17.18
22.26
quem há que me dê a mão? 4Porque aos seus corações encobriste o entendimento, pelo que não os exaltarás. 5O que lisonjeando, fala aos amigos, também os olhos de seus filhos desfalecerão. 6Mas a mim me
pôs por um provérbio dos povos, de modo que me tornei uma abominação para eles. 7Pelo que já se escureceram de mágoa os meus olhos e já todos os meus membros são como a sombra; 8Os retos pasmarão disto e o inocente se levantará contra o hipócrita. 9E o justo seguirá o seu caminho firmemente, e o puro de mãos irá crescendo em força. 10Mas, na verdade, tornai
todos vós, e vinde cá; porque sábio nenhum acho entre vós. 11Os meus dias
9.25
passaram, e malograram-se os meus propósitos, 17.11: Hebr. as possessõesas aspirações do meu coração. 12Trocaram a noite em dia; a luz está perto do fim, por causa das trevas. 13Se eu olhar a sepultura como a minha casa; se nas trevas estender a minha cama; 14Se à corrupção clamar: Tu és meu pai; e aos bichos: Vós sois minha mãe e minha irmã; 15Onde estaria então agora a minha esperança? Sim, a minha esperança quem a poderá ver? 16Ela descerá até aos ferrolhos do
18.13
17.16: Hebr. Sheol, que é abismo, ou lugar dos mortos, ou infernoSeol, quando juntamente no pó teremos descanso.