371Jacó habitou na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. 2Esta é a história de Jacó.
Quando José tinha dezessete anos, apascentava os rebanhos com os seus irmãos. Sendo ainda jovem, acompanhava os filhos de Bila e os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e trazia más notícias deles a seu pai.
3Ora, Israel amava mais José do que todos os seus outros filhos, porque era filho da sua velhice; e mandou fazer para ele uma túnica talar de mangas compridas. 4Quando os seus irmãos viram que o pai o amava mais do que todos os outros filhos, odiaram-no e já não podiam falar com ele de forma pacífica.
5José teve um sonho e o contou aos seus irmãos; por isso, o odiaram ainda mais. 6Ele lhes disse:
— Peço que ouçam o sonho que tive. 7Sonhei que estávamos amarrando feixes no campo, e eis que o meu feixe se levantou e ficou em pé, enquanto os feixes de vocês o rodeavam e se inclinavam diante do meu.
8Então os irmãos lhe disseram:
— Você pensa que vai mesmo reinar sobre nós? Pensa que realmente dominará sobre nós?
E com isso o odiavam ainda mais, por causa dos seus sonhos e de suas palavras.
9José teve ainda outro sonho, que ele contou aos seus irmãos, dizendo:
— Sonhei também que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante de mim.
10Quando José contou esse sonho ao pai e aos seus irmãos, o pai o repreendeu, dizendo:
— Que sonho é esse que você teve? Você está querendo dizer que eu, a sua mãe e os seus irmãos iremos e nos inclinaremos até o chão diante de você?
11Os irmãos tinham inveja dele;
o pai, no entanto, guardou aquilo no coração.
12Como os irmãos foram apascentar o rebanho do pai, em Siquém, 13Israel perguntou a José:
— Os seus irmãos não estão apascentando o rebanho em Siquém? Venha, pois vou mandar você até eles.
José respondeu:
— Eis-me aqui.
14Israel continuou:
— Vá, agora, e veja se está tudo bem com os seus irmãos e com o rebanho; e traga-me notícias.
Assim, o enviou do vale de Hebrom, e ele foi a Siquém. 15E um homem encontrou José, que andava errante pelo campo, e lhe perguntou:
— O que você está procurando?
16Ele respondeu:
— Estou procurando os meus irmãos. Por favor, pode me dizer onde eles estão apascentando o rebanho?
17O homem respondeu:
— Foram embora daqui. Ouvi quando disseram: “Vamos a Dotã.”
Então José seguiu atrás dos irmãos e os encontrou em Dotã. 18De longe eles o viram e, antes que chegasse, conspiraram contra ele para o matar. 19Disseram uns aos outros:
— Lá vem o grande sonhador! 20Venham, pois, agora, vamos matá-lo e jogar o corpo numa destas cisternas. Diremos que um animal selvagem o devorou. Vejamos em que vão dar os sonhos dele.
21Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o das mãos deles e disse:
— Não lhe tiremos a vida.
22Rúben disse mais:
— Não derramem sangue. Joguem o rapaz naquela cisterna que está no deserto, e não lhe façam mal.
Rúben disse isto para o livrar deles, a fim de levá-lo de volta ao pai. 23Mas, logo que José chegou a seus irmãos, despiram-no da túnica, a túnica talar de mangas compridas que trazia, 24e o jogaram na cisterna. A cisterna estava vazia, sem água.
25Depois sentaram-se para comer. Levantando os olhos, viram que uma caravana de ismaelitas vinha de Gileade.
46.11
Seus camelos traziam especiarias, bálsamo e mirra, que levavam para o Egito. 26Então Judá disse aos irmãos:
— O que vamos ganhar se matarmos o nosso irmão e depois escondermos a sua morte? 27Venham, vamos vendê-lo aos ismaelitas. Não lhe façamos mal, pois é nosso irmão, é do nosso sangue.
Seus irmãos concordaram. 28E, quando os mercadores midianitas passaram, os irmãos de José o tiraram da cisterna e o venderam
aos ismaelitas por vinte moedas de prata. E os ismaelitas levaram José para o Egito.
29Quando Rúben voltou à cisterna, eis que José não estava nela; então rasgou as suas roupas. 30E, voltando aos seus irmãos, disse:
— O rapaz não está mais lá! E agora, o que eu vou fazer?
31Então pegaram a túnica de José, mataram um bode e molharam a túnica no sangue. 32E enviaram a túnica de mangas compridas ao pai com este recado:
— Achamos isto. Veja se é ou não a túnica de seu filho.
33Ele a reconheceu e disse:
— É a túnica de meu filho. Um animal selvagem o devorou. Certamente José foi despedaçado.
34Então Jacó rasgou as suas roupas, vestiu-se de pano de saco e lamentou o filho durante muitos dias. 35Todos os seus filhos e todas as suas filhas vieram, para o consolar; ele, porém, recusou ser consolado e disse:
— Chorando, descerei à sepultura para junto do meu filho.
E continuou a chorar pelo filho.
36Enquanto isso, no Egito, os midianitas venderam José a Potifar, oficial de Faraó, comandante da guarda.
381Aconteceu, por esse tempo, que Judá se afastou de seus irmãos e se hospedou na casa de um adulamita, chamado Hira. 2Ali Judá viu a filha de um cananeu, chamado Sua; ele a tomou por mulher e teve relações com ela. 3A mulher ficou grávida e deu à luz um filho, e Judá lhe deu o nome de Er. 4Ela ficou grávida outra vez e deu à luz um filho, a quem ela deu o nome de Onã. 5Mais uma vez ela ficou grávida e deu à luz outro filho, a quem ela chamou de Selá. Ela estava em Quezibe quando o teve.
6Judá tomou uma esposa para Er, o seu primogênito; o nome dela era Tamar. 7No entanto, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos do Senhor, e por isso o Senhor fez com que ele morresse. 8Então Judá disse a Onã:
— Tenha relações com a mulher do seu irmão, cumpra a obrigação de cunhado e dê uma descendência ao seu irmão.
Mt 22.24
9Mas Onã sabia que o filho não seria considerado seu. Por isso, todas as vezes que tinha relações com a mulher de seu irmão deixava o sêmen cair na terra, para não dar descendência a seu irmão. 10Isso, porém, que fazia, era mau aos olhos do Senhor, e por isso fez com que também este morresse. 11Então Judá disse a Tamar, sua nora:
— Continue viúva na casa de seu pai, até que Selá, meu filho, cresça.
Pois Judá pensava assim: “É para que não morra também este, como os seus irmãos.” Assim, Tamar se foi, passando a morar na casa do pai dela.
12Algum tempo depois morreu a mulher de Judá, que era filha de Sua. Quando terminou o período de luto, Judá foi até onde estavam os tosquiadores de suas ovelhas, em Timna, ele e seu amigo Hira, o adulamita. 13E alguém foi dizer a Tamar:
— Eis que o seu sogro está a caminho de Timna, para tosquiar as ovelhas.
14Então ela tirou as suas roupas de viúva, e, cobrindo-se com um véu, se disfarçou e se sentou à entrada de Enaim, no caminho de Timna. Porque ela sabia que Selá já era homem, e ela não lhe havia sido dada por mulher. 15Quando Judá a viu, pensou que se tratava de uma prostituta, pois ela havia coberto o rosto. 16Então se dirigiu a ela no caminho e lhe disse:
— Venha, quero ter relações com você!
Acontece que ele não sabia que ela era a sua nora. Ela respondeu:
— O que você me dá para ter relações comigo?
17Ele respondeu:
— Eu mando para você um cabrito do meu rebanho.
Ela perguntou:
— Você deixa comigo alguma garantia até mandar o cabrito?
18Ele respondeu:
— Que garantia posso deixar com você?
Ela disse:
— O seu selo, o seu cordão e o cajado que você tem na mão.
Ele lhe deu os objetos, teve relações com ela, e ela ficou grávida dele. 19Tamar se levantou e foi embora. Tirou o véu e pôs outra vez as suas roupas de viúva.
20Judá enviou o cabrito, por meio do adulamita, seu amigo, para reaver a garantia que tinha deixado com a mulher, mas ele não a encontrou. 21Então o amigo de Judá perguntou aos homens daquele lugar:
— Onde está a prostituta cultual que costumava ficar junto ao caminho de Enaim?
Responderam:
— Aqui não havia nenhuma prostituta cultual.
22Ele voltou a Judá e disse:
— Não encontrei a mulher. E além disso os homens do lugar me disseram que lá nunca houve nenhuma prostituta cultual.
23Judá respondeu:
— Que ela fique com aquelas coisas para si, para que não venhamos a passar vergonha. Eis que mandei o cabrito, mas você não encontrou a mulher.
24Passados quase três meses, foram dizer a Judá:
— A sua nora Tamar se prostituiu, pois está grávida.
Ao que Judá respondeu:
— Tragam-na para fora para que seja queimada.
25Quando a estavam trazendo para fora, ela mandou dizer ao sogro:
— Eu estou grávida do homem a quem pertencem estas coisas.
E disse mais:
— Veja se reconhece de quem é este selo, este cordão e este cajado.
26Judá os reconheceu e disse:
— Ela é mais justa do que eu, porque não a dei a Selá, meu filho.
E nunca mais teve relações com ela.
27E aconteceu que, estando ela para dar à luz, havia gêmeos no seu ventre. 28Ao nascerem, um pôs a mão para fora, e a parteira, tomando-a, amarrou nela um fio vermelho, dizendo:
— Este saiu primeiro.
29Mas, recolhendo ele a mão, o outro nasceu primeiro. E a parteira disse:
— Como você rompeu a saída?
E lhe deram o nome de Perez.38.29 Perez significa “abrir caminho” 30Depois nasceu o irmão, em cuja mão estava o fio vermelho. E lhe deram o nome de Zera.38.30 Zera parece estar relacionado com uma palavra hebraica que significa “vermelho”
391José foi levado para o Egito, e Potifar, oficial de Faraó, comandante da guarda, egípcio, comprou-o dos ismaelitas que o tinham levado para lá. 2O Senhor Deus estava com José,
que veio a ser homem próspero e estava na casa de seu dono egípcio. 3Potifar viu que o Senhor estava com José e que tudo o que ele fazia o Senhor prosperava em suas mãos. 4Assim, José achou favor diante dos olhos de seu dono e o servia. E ele pôs José por mordomo de sua casa e lhe passou às mãos tudo o que tinha. 5E, desde que Potifar o fez mordomo de sua casa e encarregado de tudo o que tinha, o Senhor abençoou a casa do egípcio por causa de José. A bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto em casa como no campo. 6Potifar confiou tudo o que tinha às mãos de José, de maneira que não se preocupava com nada, a não ser com o pão que comia.
José tinha um belo porte e boa aparência. 7Assim, depois de algum tempo, a mulher de Potifar pôs os olhos em José e lhe disse:
— Venha para a cama comigo.
8Ele, porém, recusou e disse à mulher do seu dono:
— Escute! O meu senhor não se preocupa com nada do que existe nesta casa, porque eu estou aqui; tudo o que tem ele passou às minhas mãos. 9Não há ninguém nesta casa que esteja acima de mim. Ele não me vedou nada, a não ser a senhora, porque é a mulher dele. Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?
10Ela falava com José todos os dias, mas ele não lhe dava ouvidos, recusando-se a ir para cama com ela e a ficar perto dela. 11Aconteceu, porém, que, certo dia, José entrou na casa para fazer o seu serviço, e ninguém dos de casa se achava presente. 12Então ela o pegou pela roupa e lhe disse:
— Venha para a cama comigo.
Ele, porém, deixando a roupa nas mãos dela, saiu, fugindo para fora. 13Quando notou que José tinha fugido para fora, mas havia deixado a roupa nas mãos dela, 14chamou pelos homens de sua casa e lhes disse:
— Vejam! Meu marido nos trouxe este hebreu para nos humilhar. Ele entrou no meu quarto, querendo me levar para a cama, mas eu gritei bem alto. 15Quando ele ouviu que eu levantava a voz e gritava, deixou a roupa ao meu lado e saiu, fugindo para fora.
16Ela conservou junto de si a roupa de José, até que o dono dele voltasse para casa. 17Então lhe falou, segundo as mesmas palavras, e disse:
— O escravo hebreu, que você nos trouxe, entrou no meu quarto para me humilhar. 18Mas, quando levantei a voz e gritei, ele deixou a roupa ao meu lado e fugiu para fora.
19Quando o dono ouviu as palavras de sua mulher, que lhe disse: “Foi assim que o seu escravo me tratou”, ele ficou irado. 20E o dono de José o tomou e o lançou na prisão, no lugar onde os presos do rei estavam encarcerados; ali José ficou na prisão. 21O Senhor, porém, estava com José,
foi bondoso com ele e fez com que encontrasse favor aos olhos do carcereiro. 22Este confiou às mãos de José todos os presos que estavam no cárcere. E José fazia tudo o que se devia fazer ali. 23O carcereiro não se preocupava com nada do que tinha sido entregue às mãos de José, porque o Senhor estava com ele, e tudo o que ele fazia o Senhor prosperava.